Saturday, August 19, 2006

O RETORNO DA FILOSOFIA

Ivone Bengochea, professora de Filosofia.
No dia 11 de agosto último, o Ministério da Educação homologou obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia. Assim, as autoridades, mesmo que tardiamente, ouviram o apelo da sociedade na luta pelo retorno das disciplinas banidas das escolas pelo obscurantismo predominante com a instauração do golpe militar de 1964 e a visão demasiado pragmática dos legisladores de plantão. Algumas instituições educacionais, minoritariamente, mas com esforço e perseverança de seus professores e alunos resistiram ao massacre intelectual da época e mantiveram as disciplinas em suas bases curriculares.
A disciplina de Filosofia, por exemplo, voltou gradativamente às escolas de maneira optativa, na década de 80. Assim, renovaram-se as esperanças dos professores e das entidades associativas pela inclusão obrigatória do ensino de Filosofia dentro da nova legislação. Entretanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, depois de oito anos de discussão no Congresso Nacional, foi aprovada em 1996. Para decepção de todos não contemplou a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia. Apenas fez a recomendação das disciplinas como indicativas através da complementaridade dos Temas Transversais e dos Parâmetros Curriculares e não garantiu o desempenho dos conteúdos.
As conseqüências negativas da não-obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia nos currículos das escolas ensino médio do país, deixou marcas indeléveis na educação e na formação cultural da nossa juventude, participantes de uma crise política, social e ideológica, onde vislumbram apenas o individualismo, a competitividade, a ausência de idéias solidárias, o consumismo, o supérfluo predominando sobre o necessário.
A batalha pelo retorno das disciplinas não termina com a sua inclusão legal, tornando-se imprescindível revitalizar o saber filosófico e sociológico, valorizando os seus profissionais. O ensino de Filosofia e Sociologia necessita além explicitar a sua inclusão, perguntar pelo seu sentido, definir o seu papel e proporcionar a investigação dos referenciais teóricos e metodológicos para que seja possível compreender o que elas têm de específico em relação às demais disciplinas. Espera-se, portanto, que as redes de ensino estadual, municipal e particular invistam em melhorias, para que em curto prazo, as lacunas ocasionadas pela ausência destes componentes curriculares sejam preenchidas dignamente.





'

No comments: